Única obra de Dona Maria João de Deus, Espírito que foi em vida a abnegada mãezinha de Francisco Cândido Xavier. Quando o médium falava de sua progenitora, seus olhos se enterneciam e seu coração, já tão grande, tornava-se gigante dentro das recordações da distante meninice na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, sua terra natal. Chico dizia que as zonas inferiores do plano espiritual não se encontram tão repletas unicamente de sofredores, em virtude do dedicado amor contido nas preces das mães. No momento em que os complexos de culpa induzem aos flagelos de cada criatura, levando-as por força às zonas umbralinas, lá chega o carinho materno; usando de todos os recursos que lhe faculta seu elevado sentimento, colhe no seio os seus filhos, afastando-os para lugares de refazimento e paz. A mãe é divina centelha que cobre as sombras asfixiantes da Terra, seu amor é fonte sublime onde todos nos embebemos à saciedade.
Esta obra, inglesa de origem e publicada no início do século XX, é uma das poucas traduzidas ao português, descrevendo com suficiente clareza a vida espiritual. O estudioso poderá perceber os maneirismos, trajetos e peculiaridades do espírito comunicante, bem como a pequena cultura doutrinária da médium, ocasionando por vezes falhas e incongruências espíritas que foram mantidas, visando evitar acusação de mutilação dos escritos originais. No entanto, tudo mais vem salpicado de matizes que deleitam e ensinam o leitor, mostrando uma vez mais a importância de Francisco Cândido Xavier para a leitura espírita brasileira. Durante o lançamento da histórica obra Nosso Lar, houve uma certa divisão de opinião nos meios espíritas. O professor Herculano Pires foi um dos que apontaram, ao ler os detalhes sobre a vida após a morte, ausência do senso universal mencionado diversas vezes por Allan Kardec, no qual às comunicações espíritas verídicas era essencial um mínimo de concordância entre si, ao serem produzidas por vários médiuns e em locais diferentes. Na oportunidade, Chico Xavier pôs fim às dúvidas, apontando que já existiam livros de língua inglesa com relatos semelhantes à vida espiritual, descrita por André Luiz.